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ABORTO


Temos no Livro dos Espíritos:

"358. Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

'Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, isso porque impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.'”

Apesar de o ato do aborto ser tratado como um problema de saúde pública, no final do ano de 2007 o Banco Mundial divulgou um estudo em que se estimou em 46 milhões o número dos abortos realizados por ano, com 68 mil mortes maternas, o que quer dizer que, apenas sob o enfoque materialista, o aborto já constitui prática a ser evitada não apenas em função dos bebês, mas também em função das mães e dos riscos que correm.

No Brasil, apesar de, segundo dados do Ministério da Saúde, o número de abortos vir decaindo nos últimos 30 anos, a situação ainda sugere preocupações. Estima-se que, em nosso país, morre pelo menos uma mulher a cada três dias, vítima da prática abortiva clandestina. Dessas mulheres, mais de 14% das mortes ocorrem em menores de 19 anos, ou seja, na fase da adolescência, isso talvez decorrente da maior dificuldade dessas jovens em buscar assistência, tornando-as vulneráveis à situação.

Além disso, o fato de o número de abortos, oficialmente, vir decaindo, não quer dizer que menos mulheres os estejam realizando. Isso porque o Ministério da Saúde trabalha com dados formalmente registrados, que podem estar mascarados pelo aperfeiçoamento das técnicas abortivas, pelo maior acesso à comunicação e a recursos que tendem a diminuir o número de óbitos e, portanto, de abortos oficialmente comunicados.

Pelo lado espiritual, segundo a ótica umbandista, também o aborto é prática a ser evitada, pois a Umbanda entende que há vida carnal desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide até o desenlace físico, no momento do desencarne, o que só pode ser definido segundo os desígnios kármicos e à necessidade de aprendizado e evolução do espírito nesta encarnação.

Constitui o aborto o assassínio cruel da vida intra-uterina, a qual não possui, ainda, qualquer chance de defesa, dependendo única e exclusivamente da preservação materna para que possa sobreviver.

Toda mulher, antes de engravidar, toma consciência da gestação que assumirá. Algumas vezes, ela mesma escolhe tal situação antes de reencarnar; em outras, concorda, durante o desprendimento temporário pelo sono, em receber em seu ventre aquele espírito que necessita da vida corporal. O importante é que NUNCA ocorre uma gravidez sem que a futura mãe a tenha aceitado antes da fecundação. Todavia, tendo-se esquecido do papel que aceitou desempenhar, muitas vezes deixa-se levar por situações materiais que a impelem à tal prática cruel e que, conseqüentemente, trazem, também, novos ônus devido ao repúdio a uma tarefa antes assumida.

Antes de um espírito reencarnar, muitas são as atividades desempenhadas no plano espiritual para que esta encarnação seja proveitosa; a escolha dos pais, da família, do círculo de amizades, da situação financeira, das missões e da maneira pela qual o karma deverá ser cumprido. Às vezes, demoram-se anos até que todas as situações estejam convenientemente arrumadas para que as peças dos quebra-cabeças da vida se encaixem perfeitamente e proporcionem êxito à experiência do reencarnante. Quanto sacrifício é desperdiçado quando há a interrupção precoce da vida pelo ato do aborto… Quanto trabalho é declarado inútil em tal situação… Quantos espíritos esperaram tanto tempo por uma oportunidade de retornar à terra e, agora, vêem-se obrigados a retornar ao início de sua busca, tristes, muitas vezes decepcionados com a atitude daquela que deveria assumir o papel de mãe e que, inversamente, desempenha a função de algoz daquele que, em outras existências, pode lhe ter sido extremamente caro, como um pai, mãe, irmão ou cônjuge.

O aborto, como qualquer ato passional e grave que praticamos, macula com pontos negros o corpo astral das mulheres que o cometem. Não é, contudo, apenas a mulher que fica marcada pelo triste ato que cometeu. Sempre que o pai do bebê, ou mesmo qualquer outra pessoa, incentiva ou influencia à tal prática ou, ainda, omite-se ou não despende TODOS os esforços para impedi-la, é considerado coadjuvante na barbárie e, por sua vez, também terá seu perispírito manchado pelas marcas características do ato cometido.

Tais pontos, às vezes, demoram séculos para que sejam plenamente apagados, dependendo das atitudes que forem tomadas pelo espírito que os possui. Quando excessivos, freqüentemente atuam no Corpo Físico assumido por tal espírito em nova encarnação, de forma a impedir-lhe, nesta nova vida, a concepção que tantas vezes desperdiçou no passado.

Uma boa forma de tentar dirimir os efeitos futuros dos pontos negros ocasionados pelo aborto é o trabalho em prol de outros espíritos necessitados de amparo maternal, seja através da adoção ou do auxílio em entidades filantrópicas destinadas a este fim. Chico Xavier contava que, certa vez, chegou-lhe uma mulher desesperada pelo remorso de ter abortado duas vezes. Segundo orientações de seu mentor espiritual – Emmanuel – Chico recomendou-lhe então, que passasse a auxiliar nas tarefas de algum educandário e estivesse receptiva a qualquer pedido de socorro infantil. Passado algum tempo, a mesma mulher voltou para lhe agradecer. Com a dedicação ao serviço voluntário, haviam-lhe aparecido duas crianças que, sem lar, acabaram sendo adotadas por ela que, assim, sentia que a dor de sua culpa já não parecia tão grande.

A legislação brasileira é complacente à prática do aborto nos casos de estupro e de risco de vida para mãe. A Umbanda, por sua vez, entende que apenas no caso de risco para mãe é que essa prática é tolerada. Isso porque, caso não fosse, estaria a mãe atentando contra outra lei divina, que é a Lei da Conservação, a qual diz que devemos fazer todo o possível para manter a saúde física e mental. Já no caso do estupro, a Umbanda entende que:

1) “Ninguém tem mais e nem menos do que merece”, e por isso, o próprio fato do estupro, bem como todas as possíveis conseqüências – gravidez, doença, preocupação – e seus resultados, podem ser excelentes oportunidades de resgate kármico. Ninguém sabe de seu passado e se já foi o autor de atos semelhantes contra outra pessoa. Ninguém pode afirmar que não tenha solicitado, antes de reencarnar e visando o seu aprimoramento moral, que fosse vítima de um estupro.

2) Nenhuma gravidez acontece sem que a mãe a tenha aceitado. E isso inclui as gestações oriundas de um estupro.

3) Independente de como tenha sido gerado, o espírito reencarnante precisa daquela experiência carnal. Talvez seja extremamente importante que nasça sendo fruto de um relacionamento desse tipo. Aliás, quantas coisas podem ser aprendidas em situações como essas...

Não obstante os prejuízos orgânicos e espirituais causados pela prática abortiva, há ainda os processos psicológicos. Nesse campo, são comuns os processos depressivos subseqüentes que acometem as mulheres que se submeteram à eliminação da gestação indesejada. A sensação de vazio interior, mesclada com um sentimento de culpa consciente e inconsciente, freqüentemente, determina uma acentuada baixa de vibração na psicosfera feminina. Além disso, freqüentemente, a ação do magnetismo mental do espírito expulso passará gradativamente a exacerbar a situação depressiva materna.

Em muitos casos, aquele que reencarnaria como seu rebento estava sendo encaminhado para um processo de reconciliação afetiva. O véu do esquecimento do passado é que possibilitaria a reaproximação de ambos sob o mesmo teto. Com o aborto provocado, à medida que o espírito recobra a consciência, passa, nesses casos, a emitir vibrações que, pelo desagrado profundo, agirão de forma nociva na psicosfera materna. Em que pese o esforço protetor exercido pelos mentores amigos, em muitas circunstâncias se estabelece o vínculo simbiótico, mergulhando a mãe nos tristes escaninhos da psicopatologia.

Espíritos destinados ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, ao se sentirem rejeitados, devolvem na idêntica moeda o amargo fel do ressentimento.

Ao invés de se sentirem recebidos com amor, sofrem o choque emocional da indiferença ou a dor da repulsa. Ainda infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, passam a revidar com a perseguição aos cônjuges ou outros envolvidos na consecução do ato abortivo.

Outros, pela vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo perispiritual, aderindo ao chacra esplênico, sugando o fluido vital materno. As emanações maternas e paternas de remorso, de culpa ou outras que determinam o estado psicológico depressivo, abrem caminho no chacra coronário dos pais para a imantação magnética da obsessão de natureza intelectual.

Sendo, contudo, o espírito abortado de nível evolutivo mais expressivo, normalmente tem reações mais moderadas e tolerantes. Muitas vezes seria ele alguém destinado a aproximar o casal, restabelecer a união ou, mesmo no futuro, servir de amparo social ou efetivo aos membros da família. Lamentará a perda de oportunidade de auxílio para aqueles que ama. Não se deixará envolver pelo ódio ou ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer física e psiquicamente. Em muitos casos, manterá, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho de indução mental positiva sobre a mãe ou os cônjuges.

Muitas mulheres, contudo, apesar de não saberem, acabam realizando aborto através de métodos considerados legais, como com o uso da pílula do dia seguinte e o DIU (Dispositivo Intra-Uterino), o qual não tem 100% de eficácia em evitar a fecundação, causando o aborto por não permitir que o embrião se fixe nas paredes do útero. Recomenda-se, portanto, métodos contraceptivos que realmente impeçam a fecundação, como o uso de preservativos, a tabela e a pílula.

Por tudo o que foi exposto, a Umbanda é radicalmente contrária à prática do aborto. Não condena quem o pratica porque entende que cada um de nós está em um nível consciencial diferente, com filtros de consciência maiores ou menores. Mas lamenta que, por ignorância, desespero, covardia ou qualquer outro motivo, uma pessoa coloque ponto final em uma história mal começada, e que poderia ter tido um grande final feliz. A essas pessoas, a Umbanda dispõe-se a orientar, esclarecer, estimular o auto-perdão e oferecer aquele colo amigo, nos momentos em que o coração pesar pelo remorso e arrependimento.

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A CENTELHA DIVINA, por ser uma Missão Umbandista e por ter como referência a prática da caridade, do amor e do respeito ao próximo, seguindo as sagradas Leis de Umbanda, não exerce cobrança financeira de qualquer tipo, por qualquer atendimento ou trabalho realizado, bem com não realiza o sacrifício de qualquer animal, nem utiliza qualquer coisa de origem animal em seus rituais.
 

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