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EXUS E POMBAGIRAS: OS EXECUTORES DA LEI


Chegou a hora de falarmos deles: nossos Exus e Pombagiras! E há tantas coisas a serem ditas, que daria um livro só sobre o tema. Mas vamos tentar ser sucintos e concentrar apenas as ideias mais fundamentais. Partindo então do princípio, para entendê-los melhor, vamos explicar quem são e o que fazem.

Pois bem; os espíritos que trabalham como Exus e Pombagiras nos terreiros de Umbanda são espíritos BEM MAIS adiantados que todos nós. E isso porque eles atendem aos requisitos mínimos de MORAL E CONSCIÊNCIA necessários para qualquer espírito poder ser considerado Guia de Umbanda. Se a sua moral e consciência fossem menores que as nossas, nós é que seríamos seus Guias, e não o inverso. Simples assim!

Sendo considerados Guias de Umbanda, esses espíritos passaram a integrar uma falange de trabalho como representantes da força da natureza – ou Vibração Divina – chamada “Exu”. Em outras palavras, passaram a ser “Falangeiros do Orixá Exu”; e, enquanto assim permanecerem, trabalhando nessa falange, representarão o seu arquétipo, assumindo comportamento mais humanizado e próximo ao NOSSO que os falangeiros dos outros Orixás, e estarão lidando com as energias e vibrações regidas pela Imanência Divina denominada Exu. Essa irradiação é aquela que promove facilidade de comunicação – e, consequentemente, de negociação -, novos caminhos, mudanças repentinas de situação e qualquer tipo de novo começo. É por isso, inclusive, que se diz que “sem Exu não se faz nada”. E esse ditado é uma verdade, já que ele – Exu - é a energia que movimenta o primeiro passo, que rompe a inércia, que gera a primeira ação e acende a primeira centelha de qualquer fogo; e não se dá o segundo passo sem antes ter dado o primeiro. Sendo assim, enquanto falangeiros de Exu, esses espíritos têm a habilidade de - movimentando determinadas vibrações - auxiliar em questões que envolvam o início de algum novo rumo ou empreendimento – profissional, financeiro, emocional, espiritual, etc – ou nas questões que envolvam negociações, contratos e comunicação. O fato de terem o conhecimento sobre a manipulação desse tipo de energia facilita com que sejam confundidos com “gênios da lâmpada”, sendo procurados com a falsa impressão que devem atender a todos os pedidos e resolver todos os problemas de ordem material. Não! Nós temos o nosso karma e há também a necessária dose de esforço e inteligência que nós mesmos temos que empregar para atingirmos os objetivos, senão nada aprendemos! Esses espíritos nos auxiliarão, e somente isso! O esforço é nosso, e a recompensa também!

Todos os “Exus” e “Pombagiras” são falangeiros do Orixá Exu, mas este Orixá possui outros falangeiros que, nem sempre, são considerados Exus e Pombagiras, como os Ciganos, os Marinheiros e os Malandros, sobre os quais falaremos mais detalhadamente em outros textos. Nesse momento, portanto, quando falamos em “Exus” e “Pombagiras”, estamos nos referindo a falangeiros do Orixá Exu que atendem por nomes como Tranca Ruas, Maria Padilha, Marabô, Maria Mulambo, Tiriri e muitos outros, e que são conhecidos como “Exus de Lei” ou “Executores da Lei”, já que, como mensageiros da Justiça de Deus, zelam para que ela seja cumprida, seja na defesa dos terreiros, na guarda das pessoas ou em incursões ao submundo astral, onde, através da Potencialidade Divina da “Força”, impõem a ordem, o respeito e a submissão às Leis de Deus. Por este motivo, integram a FALANGE DE DEMANDA do Orixá Xangô, o Orixá das Leis e da Justiça, um dos regentes do Raio Vermelho, cujo elemento é o FOGO.

Não devemos confundir o fato de esses espíritos pertencerem à Falange de Demanda de Xangô com o fato de serem servidores desse ou daquele Orixá. “Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa”, como diz o dito popular. Pertencer à Falange de Demanda de Xangô significa somente que eles expandem a LEI DIVINA e a fazem ser cumprida e, sempre que se fala em “Lei Divina”, está-se falando no legislador Xangô! Já ser servidor de outro Orixá é outra situação, e depende de quem seu médium seja filho. O mesmo Exu Tranca Ruas que, em um médium, serve a Ogum, em outro serve a Xangô e no outro à Iansã. Tudo depende de qual é o Orixá principal daquela pessoa, a quem esse Exu, afinal, terá que prestar contas e de quem trará os recados e orientações ao médium. Com isso, mais uma vez, estamos FRISANDO que NÃO EXISTE EXU DESTE OU DAQUELE ORIXÁ. Ou seja, NÃO EXISTE Exu que SÓ sirva a determinado Orixá. Ele pode servir a QUALQUER um, dependendo apenas da Potência Divina que rege o “ori” do seu médium. É por isso que há tanta discussão por aí, sem que nunca se chegue à conclusão alguma sobre esse ponto. Em um livro, diz-se que o Exu tal é de Oxalá, em outro, que o mesmo Exu é de Ogum, e assim por diante, quando, na verdade, o mesmo Exu pode servir a qualquer um dos Orixás.

Dessa forma, resumindo, há TRÊS situações que envolvem um mesmo espírito conhecido como “Exu de Lei” ou “Executor da Lei”, e que ocorrem simultaneamente. São elas:

  1. Todo Exu de Lei é falangeiro do Orixá Exu, pois representa essa Potência Divina.

  2. Todo Exu de Lei é falangeiro DE DEMANDA de Xangô, pois faz com que as Leis Divinas (que são regência de Xangô) sejam executadas.

  3. Todo Exu de Lei é servidor (ou capangueiro, que é a mesma coisa) dos Orixás principais de seu médium.

Entendendo essas três circunstâncias, entende-se facilmente a identidade dos nossos amigos Exus e Pombagiras e, de quebra, outros entendimentos vêm como consequência. O primeiro e mais importante deles é que, se esses espíritos possuem grau de moral e consciência superior ao nosso, então MUITO do que se vê por aí, em termos de comportamentos atribuídos a eles NÃO É verdade! Não existem – repito – NÃO EXISTEM Exus e Pombagiras sensualizados demais, insinuando-se para médiuns e consulentes, fazendo trabalhos para amarrar ou para prejudicar alguém, pedindo ou aceitando presentes como barganha pela realização de favores, pedindo ou aceitando sacrifício animal, incorporando na “balada” ou no “pagode”, pedindo ao seu médium que providencie drogas para usar, ameaçando, inibindo, coagindo, humilhando ou praticando qualquer outra atitude que fira o que entendemos por conduta condizente com a de um espírito de moral e consciência superiores às nossas.

Dito isto, vem a reflexão: e nas várias ocasiões em que, porventura, tenham sido observadas atitudes como essas, então não era manifestação realmente dos Exus? E a resposta é simples: a árvore se conhece pelos frutos. Se Exus se comportassem dessa forma, não seriam melhores que a maioria de nós, não seriam Guias e muito menos Executores das Leis Divinas. Se, em determinados lugares ou ocasiões essas condutas foram observadas, então, das duas, uma: ou o médium estava “animizando”, ou seja, expondo seu próprio subconsciente e interferindo sobre a atuação mediúnica, ou então ele estava realmente incorporado, mas não com um Exu ou uma Pombagira, e sim com um QUIUMBA que, aproveitando brechas morais, espirituais e vibratórias, conseguiu se fazer passar por um Exu de Lei. Por aí, é possível que muitos já estejam relembrando todas as vezes que viram situações como essas, e devem estar pensando: “como tem Quiumba por aí...”. E tem mesmo! E sabem por que eles conseguem tanto êxito? Porque há médiuns vaidosos que querem mostrar que seu Exu “faz e acontece”, que é perigoso, que é poderoso, que é isso ou aquilo. E aí, sintonizado com essas vibrações, não será o verdadeiro Exu que se aproximará do médium, mas sim o Quiumba que, com gosto, representará tudo isso que o médium quer. E, às vezes, a representação será por longo tempo, e o médium poderá ficar trabalhando com o Quiumba, achando que é Exu ou Pombagira, por toda a sua vida, inclusive. Lá na frente, cansado de as coisas darem errado em seus caminhos (devido à atuação do Quiumba), revolta-se contra tudo o que fez, culpa seus Exus e abandona a religião, quando na verdade, na história toda, só houve um único culpado.

E, infelizmente, nesse impulso de querer fazer com que seu Exu impressione, vale tudo! Vale receber a entidade com doses impressionantes de contorcionismo, vale beber a noite inteira para mostrar que “aguenta”, vale matar galinha nos dentes, vale babar, xingar, cuspir no chão, não ter higiene e nem educação, vale dar ao Exu nomes amedrontadores, como “Lúcifer” ou “Fulana do Inferno”, que são conceitos que nem existem na Umbanda... E por aí vai. Ops! Estou escutando alguém falar: “então não existe Exu Lúcifer?” Não! Nem o Exu e nem o próprio Lúcifer. O conceito de “diabo”, assim como o de “inferno”, são conceitos herdados da mitologia judaico-cristã e que não tem nada a ver nem com a Umbanda e nem com o que acreditamos da Lei de Evolução, a qual nos GARANTE que NÃO HÁ espírito eternamente mal e nem almas condenadas a habitar local onde o sofrimento seja eterno. O que há são espíritos ignorantes que obsidiam e iludem, mas que, mais cedo ou mais tarde perceberão seus próprios erros. E, mesmo esses espíritos, NÃO TEM qualquer relação com os Exus. São apenas Eguns atormentados ou Quiumbas, caso estejam tentando enganar e fingindo serem Exus verdadeiros.

E, para complicar e denegrir ainda mais a imagem dos verdadeiros Exus e Pombagiras, muitas vezes os Quiumbas não apenas fingem ser um deles, como também utilizam seus nomes durante a realização de algum trabalho para o mal. E aí, junto com o “feitiço” que está sendo direcionado a alguém, vai a identidade vibratória de um Exu de Lei, através do seu nome que foi usado na magia, naquele momento. Então, quando aquela pessoa que foi magiada procura um terreiro para resolver os trabalhos negativos que recebeu, muitas vezes é percebido, além do trabalho, a vibração do nome de um Exu real, dando a impressão que foi aquele Exu que fez o trabalho. É como o bandido que comete o crime e deixa no local um objeto de outra pessoa, para incriminá-la. Assim agem os Quiumbas, sem escrúpulos e sem se importar com as consequências de seus atos.

É por isso que muitos já devem ter escutado por aí: “você tem um trabalho feito por Maria Padilha” ou “O Tranca Ruas fez coisa pra você!”. Ledo engano. Esses espíritos, os reais falangeiros do Orixá Exu, não fazem esse tipo de coisa; mas também não têm como impedir que o seu nome seja usado por Quiumbas, ainda mais quando seus próprios médiuns assim permitem.

Aí, vem ainda uma outra consequência disso tudo: em casos assim, quando a identidade vibratória de um Exu de Lei foi misturada às vibrações negativas de um trabalho por um Quiumba, muitas vezes é preciso pedir socorro ao verdadeiro Exu de Lei para descarregar a vítima daquelas vibrações. Só que, como nem sempre a pessoa que recebeu o trabalho tem algum conhecimento sobre o que são os verdadeiros Exus de Lei e, por isso, acredita realmente que quem fez o feitiço foi a Maria Padilha ou o Tranca Ruas, terá dificuldade em crer que seu trabalho será resolvido assim, tão facilmente, pelos “mesmos” que o fizeram. Então, para que ela consiga abrir suas guardas emocionais, confiar e, com isso, sintonizar o seu campo vibratório para que o “contra-trabalho” possa ser realizado e ela curada do seu mal espiritual, muitas vezes a verdadeira Maria Padilha ou o verdadeiro Tranca Ruas acabam até ENCENANDO o papel do vilão, fazendo crer que estão desfazendo o trabalho porque se arrependeram ou porque estão sendo obrigados, já que, o que lhes interessa, afinal, é somente resolver o problema e ajudar a pessoa. Mas, não devemos esperar que todos consigam compreender como se dá esse processo. Então, é normal que ainda se escute por aí, erroneamente, explicações como “Exu é amoral”, “Exu faz o bem e o mal”, ou frases semelhantes.

Mas, paralelamente a essa encenação e a toda essa situação constrangedora a que são submetidos pelos Quiumbas e por seus próprios médiuns, os verdadeiros Exus e Pombagiras de Lei continuam seu trabalho incansavelmente, tentando proteger as pessoas e defender as instituições dos ataques trevosos. São a grande “força policial” da Umbanda! Aliás, como pertencem a uma das Falanges de Demanda da Umbanda, são também responsáveis por levar luz onde há trevas e, portanto, são preparados – após longo treinamento - para fácil locomoção no submundo astral. Para isso, utilizam vestes especiais, plasmadas não só para sua própria defesa vibratória como, também, às vezes, para intimidar espíritos sombrios ou para assemelhar-se a eles, de modo a não levantar resistência à sua atuação. É por isso que, alguns Exus de Lei, sob a observação de um médium clarividente, podem se apresentar com roupas esfarrapadas, ou com algum defeito físico, ou com aparência não agradável (caveira, por exemplo); ou, ao contrário, com roupas nobres que, só pela própria aparência já impõem respeito e admiração. Alguns carregam ferramentas que são utilizadas como armas contra possíveis ataques de espíritos trevosos, como bastões, lanças e tridentes, que podem descarregar potentes raios energéticos, causando nesses espíritos torpor e adormecimento imediato. E tudo isso porque nossos amigos Exus e Pombagiras de Lei não se poupam de percorrer os submundos astrais para salvar, orientar e socorrer a quem quer que precise.

Por trabalharem com vibrações densas, precisam manipular elementos que facilitem a sua volatização, como por exemplo a cachaça ou outras bebidas de alto teor alcoólico. Sua falange de trabalho é governada pelo Exu de Lei conhecido como Exu Maioral ou, em alguns lugares, como Exu Rei. E, abaixo dele, outros Exus e Pombagiras que se organizam em sub-falanges de acordo com seu local de regência ou tipo de trabalho. As cores representativas da Falange dos Exus de Lei é o vermelho e preto, representando a faixa de transição entre sombras – preto - e o primeiro raio do espectro visível humano, ou o primeiro dos Sete Raios Divinos: o vermelho. A gargalhada de Exu, antes de ser de deboche como muitos pensam, funciona como ferramenta de manipulação vibratória pela emissão de sonoridade em faixa específica e que serve para facilitar o descarrego ou ajudar na captação de forças espirituais.

Resumindo, apesar de todo o trabalho positivo que realizam, os Exus e Pombagiras de Lei ainda são muito mal interpretados e confundidos com espíritos atrasados, interesseiros e passionais, mas nada disso é verdade! Assim como também não é verdade que em sua última encarnação tenham sido bandidos, assassinos ou prostitutas. Afinal, espíritos atrasados não passam a ser Guias de Umbanda, orientadores espirituais e executores das Leis Divinas de uma hora para outra. É preciso muitas encarnações para atingir esse nível de lucidez ou, se fosse assim, seria contrário a tudo o que se entende por Lei de Evolução! Mas, apesar de serem confundidos e mal interpretados, eles não desistem de nós. São nossos mais fiéis guardiões; aqueles que, pela misericórdia Divina, conosco caminham incansavelmente, mesmo quando atribuímos a eles o que há de mais obscuro em nós mesmos. Mas, afinal de contas, o seu trabalho não é esse mesmo? Levar Luz onde há escuridão?

OBS: Para melhor entendimento desse texto, não deixe de ler o texto abaixo:

Amplexos,

Tata Luis

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