O AGREGADO SETENÁRIO HUMANO
- TATA LUIS
- 22 de nov. de 2017
- 9 min de leitura

Quando você se olha no espelho, você vê o reflexo do seu rosto, do seu corpo físico. Pessoas sem qualquer conhecimento acerca da existência espiritual entendem aquela imagem como o reflexo de tudo o que elas são. Já as que tem alguma consciência espiritual, compreendem que, além do corpo material, existe um espírito que ali habita. No entanto, na verdade, somos muito mais que somente matéria e espírito. Somos a união de sete corpos distintos, que se manifestam em dimensões diferentes e que interagem entre si, interpenetrando-se mutuamente e formando o que chamamos de “Agregado Setenário Humano”.
O primeiro corpo presente nesse agregado é o mais fácil de ser entendido, pois é justamente o corpo físico, utilizado por nossa consciência enquanto estamos encarnados. Ele é criado no momento da concepção e sua duração se estende até o término do processo de decomposição, algum tempo após a morte, embora o espírito só tenha ação sobre ele enquanto estiver imerso no processo encarnatório. Sua função é prover à nossa consciência a possibilidade de interagir com o mundo material, experimentando as dores, os prazeres e tudo o que possa ser experimentado durante a vida corpórea.
Para ligar o perispírito – que é de natureza imaterial – ao corpo material, há um segundo corpo, que não está nem na mesma dimensão do espírito e nem da matéria, já que, se estivesse em uma ou em outra, não conseguiria atuar sobre o perispírito e sobre o corpo físico ao mesmo tempo. Por isso, ele é feito de uma substância semimaterial, interposta entre as duas dimensões. O nome desse segundo corpo é “Duplo Etérico” ou “Corpo Vital”. Sua aparência é exatamente igual à do corpo físico. Ele interpenetra este corpo e o extrapola até uma distância que varia de alguns milímetros até cinco centímetros além dele, contornando qualquer protuberância ou saliência, como uma simples verruga ou os fios do cabelo.
Uma das funções desse corpo semimaterial é absorver a energia vital existente no ambiente e irradiada da mente divina, acumulá-la e transmiti-la, aos poucos, de acordo com a necessidade, ao corpo físico, mantendo-o sadio e com vitalidade. Essa transmissão acontece através dos chakras, que são portas rotatórias de energias situadas sobre a superfície do duplo etérico e que - semelhante ao redemoinho formado pela água descendo pelo ralo da pia - absorvem aquelas energias vitais contidas no duplo etérico e as direcionam ao interior do organismo físico, usando para isso, pequenos condutores energéticos chamados “nádis” ou “meridianos”.
Uma outra função do duplo etérico, além de prover de vitalidade o organismo físico e ligá-lo ao organismo perispiritual, é servir de “intérprete” das impressões de um para o outro e vice-versa. Tudo o que o espírito pensa e sente é transmitido ao cérebro físico através dele, assim como tudo o que o corpo físico experimenta é transmitido ao perispírito e, por conseguinte, à mente espiritual, também através desse organismo semimaterial.
O duplo etérico é formado também no momento da concepção, junto com o corpo físico, ainda dentro do útero materno, e perdura até, em média dois ou três dias após o desencarne. Nesses dois ou três dias, os resquícios de vitalidade ainda presentes nesse corpo irão se dissolvendo e se reintegrando à natureza, até que ele deixe de existir por completo.
O terceiro corpo não existe nem na dimensão material como o corpo físico e nem na dimensão semimaterial como o duplo etérico. Ele existe apenas na chamada “dimensão astral” e, por isso, recebe o nome de “corpo astral”. Sua forma também é semelhante à do corpo físico e é nesse corpo astral que são impressos e registrados todos os nossos sentimentos e emoções, desde às nossas primeiras experiências e registros de nossa consciência.
Em espíritos atrasados, carregados de sentimentos negativos, como raiva, mágoa, irritabilidade, culpa e remorso, o corpo astral, apesar de ter aparência humana, muitas vezes apresenta deformidades e áreas enegrecidas, indicadoras dos desequilíbrios emocionais e dos pesos sentimentais que carrega. Em alguns casos, a deformidade pode ser tão grande que o corpo astral chega a perder – total ou parcialmente - a sua aparência humana, assumindo forma animalescas, disformes ou até mesmo ovoides. Quando chega nesse ponto, o espírito está em uma situação muito delicada de profundos conflitos emocionais, e precisa de auxílio externo para retornar à forma original, ou permanecerá assim por longo tempo.
É o corpo astral o veículo que os médiuns clarividentes enxergam quando veem um espírito, pois ele é a camada mais externa do perispírito, aquela que é moldada pelos seus sentimentos e que, por isso, retrata exatamente como aquele espírito é por dentro.
Diferente do corpo físico e do duplo etérico, o corpo astral é criado no momento da criação do espírito, e sua existência se estende até o momento em que ele tiver resolvido todas as suas questões e pendências emocionais e sentimentais. Uma vez não tendo mais apegos ou paixões, esse corpo deixa de ter utilidade, já que não há mais o que registrar, e deixa de existir.
Todos nós ainda temos o corpo astral e ainda o teremos por muito tempo. As sucessivas encarnações é que farão com que, aos poucos, vamos nos libertando dos nossos entraves emocionais, até chegar o momento em que não necessitaremos mais dele e ele deixará de existir. Os teosofistas chamam essa libertação de “segunda morte” e, um dia, todos nós a experimentaremos também.

O quarto corpo que possuímos não fica nem na dimensão material, nem na semimaterial e nem na astral. Ele existe somente na “dimensão mental”, e é chamado de “corpo mental inferior ou concreto”. Enquanto que o corpo astral registra sentimentos e emoções, o corpo mental inferior registra pensamentos, especialmente os pensamentos mais imediatos e o raciocínio exato. É através dele que pensamos, comparamos, analisamos e concluímos ideias comuns, relativas ao dia a dia, às nossas tarefas e atividades cotidianas. Ele tem a forma ovalada e existe desde o momento da criação do espírito, mas sua existência, assim como o corpo astral, não é eterna. Contudo, não podemos dizer que ele deixe simplesmente de existir, mas sim que ele se funde ao próximo corpo quando os pensamentos gerados por aquele espírito deixam de ter caráter imediatista e de pequenos objetivos, como a mera solução de problemas pessoais do cotidiano.
O quinto corpo também fica na dimensão mental, porém ele é diferente do corpo mental inferior ou concreto, porque é através dele que desenvolvemos nossos planos futuros, nossas idealizações e objetivações mais abstratas. Justamente por isso, ele é chamado de “corpo mental superior ou abstrato”. Sua forma é flamejante, como uma grande chama a envolver o corpo mental inferior, e é muito mais ativa nas pessoas que têm grandes aspirações, planos altruístas, que idealizam projetos de vida e, até mesmo, de existência espiritual. Já nas pessoas que têm pouca visão do futuro e que não desenvolvem pensamentos que visam a construção de uma existência melhor para si e para os demais espíritos, o corpo mental mais atuante é o inferior, o concreto, o de pouco alcance.
O corpo mental superior ou abstrato é criado junto com o espírito e, depois de criado, é eterno, pois o espírito, seja em que grau de evolução consciencial estiver, sempre desenvolverá pensamentos, mudando, é claro, o teor dos mesmos, de forma que, cada vez mais, será através desse corpo que a mente atuará, absorvendo, com o tempo, o corpo mental inferior.
O sexto corpo é chamado de “corpo búdico”. Ele também tem a forma de chama, porém muito mais iluminada e maior. Aliás, a palavra “búdico” vem de “buda”, que significa “iluminado”. Ele não fica nem na dimensão material, nem na semimaterial, nem na astral e nem na mental. Ele fica na dimensão “búdica”, e é nesse corpo que se situa a parte de nossa consciência que rege a nossa própria existência, determinando todos os caminhos que devemos percorrer para nos libertarmos definitivamente dos corpos físicos, livrando-nos da necessidade de reencarnar; para nos libertarmos também do corpo astral, livrando-nos dos apegos e paixões; e para nos libertarmos das atividades mentais inferiores, de modo que, ao final, sejamos pura luz, como ele próprio – o corpo búdico – é.
Para nos encaminhar no sentido da evolução, é ele – o búdico - quem determina as provações e a aplicação dos karmas que iremos vivenciar, pois ele, sendo parte de nossa consciência, sabe exatamente TUDO o que necessitamos para crescer, quais os melhores momentos de experimentarmos aquelas situações e em quais intensidades. Por isso, na verdade, não há ninguém que passe por qualquer coisa que não tenha sido determinada por si mesmo, seja a nível consciente antes de encarnar, ou seja a nível inconsciente, também antes de encarnar, mas determinada pela parcela de sua consciência espiritual chamada corpo búdico!
Este corpo é criado também no momento da criação do espírito, e será o seu grande fiscal eternamente. Qualquer coisa que o espírito pense ou sinta e que, por isso fique registrada nos seus corpos mental ou astral, será do conhecimento do búdico, que, a partir desses registros, avaliará se deve tomar ou não alguma ação corretiva. Julgando necessárias as ações, ele programará as novas reencarnações, onde o espírito experimentará as provas e expiações propícias ao aprendizado, visando eliminar as manchas do corpo astral e os pensamentos mesquinhos do corpo mental inferior, objetivando sempre a perfeição daquela consciência.
O sétimo e último corpo é a sede de nossa parcela divina; é o nosso EU superior; a nossa real essência, a fonte de nossa ligação com o Criador. É chamado de “Átma” ou CENTELHA DIVINA. É a semente de perfeição deixada por Deus em todas as suas criaturas. É perfeito por natureza e tem a aparência de uma esfera multifacetada, ou seja, dividida em diversos raios luminosos. É o modelo de perfeição que irá inspirar o corpo búdico em seu trabalho de lapidação de nossa consciência.
Então, a cada ato, pensamento ou sentimento que gerarmos, o corpo búdico os comparará com o modelo de perfeição que já há dentro de nós, em nossa Centelha Divina. Sendo destoante desse modelo, o búdico preparará nova encarnação onde teremos a oportunidade de sermos confrontados com situações que nos farão refletir, mudar posturas e corrigir falhas, até que sejamos puramente luminosos, sem apêndices emocionais ou psicológicos que turvem a luminosidade de nosso Átma.
Quando Kardec codificou a Doutrina Espírita, não era possível trazer tantas informações assim, já que o conhecimento tem que ser semeado de forma condizente à nossa capacidade de entendimento. Mas, o Agregado Setenário Humano já era conhecido desde a antiguidade, tanto pelos iogues hinduístas quanto, mais tarde, pelos teosofistas e, mais recentemente, por algumas obras espíritas, tendo sido já comentado até pelo espírito André Luiz. Contudo, não tendo sido possível ser descrito por Kardec, o que ficou conhecido em suas obras como constituição do ser espiritual foi um conjunto formado apenas por espírito, perispírito e corpo físico.
Hoje, com o avanço do nosso entendimento, podemos já entender que entre o corpo físico e o perispírito há a necessidade de um corpo semimaterial (duplo etérico) e que, aquilo que Kardec chamou de perispírito é, na verdade, um conjunto de corpos integrados e interpenetrados - porém agindo em dimensões diferentes - e que inclui o corpo astral, o corpo mental inferior e o corpo mental superior. Todos esses corpos que compõem o perispírito existem em função do espírito, registrando suas impressões, sentimentos e pensamentos, e sendo purificados de acordo com o nosso progresso existencial. Já o espírito, propriamente dito é, na verdade, a união do Átma e do corpo búdico. O Átma é a sua essência perfeita - ou CENTELHA DIVINA - e o búdico, a sua supra-consciência, aquela que age, permanentemente em prol do autoprogresso contínuo, impulsionando a consciência à plenitude da perfeição.
Tudo isso pode parecer um pouco complexo, ainda mais que falamos de corpos diferentes, habitando dimensões diferentes, e todos compondo um único ser: VOCÊ! Para facilitar o entendimento, procure, então, compreender que, assim como o seu corpo material habita um mundo onde tudo é matéria, seus pensamentos habitam um mundo onde só há pensamentos; e seus sentimentos habitam outro, onde só há sentimentos; embora você tenha a impressão de estar tudo junto. E essa impressão tem até o seu fundo de verdade, já que todos os seus corpos estão unidos e agindo simultaneamente, nesse mesmo momento, formando o que VOCÊ É!
Mas, independente da complexidade do entendimento, o mais importante é você saber que você é mais, MUITO MAIS do que pensa! Você é um capricho de Deus! Um ser amado por Ele e presenteado com a sua semente de perfeição! Uma semente que está aí dentro e que faz força para crescer ainda mais e brilhar! Mas, para isso, é preciso a lapidação imposta pelo búdico, em um processo de aperfeiçoamento contínuo, através de longa e interminável estrada evolutiva. Parte desse caminho você já percorreu; mas muito ainda falta trilhar. E, a cada novo passo dado, mais a CENTELHA DIVINA que há em você brilhará; sua consciência irá despertando pouco a pouco e maior será a sua compreensão de si mesmo; compreensão essa que já começa agora, entendendo que você não é apenas o que vê no espelho!
Amplexos,
Tata Luis
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